Estrelas

sábado, 31 de julho de 2010


"O que você faria se só te restasse esse dia?" Que dia? O último dia. Sim, estou falando dela, a morte. Célia, minha melhor amiga, se encontrou com a sua. Disseram que ela soube "aproveitar" o seu último, mas era assim que ela sempre fazia com todos os outros. Carpe Diem. Não foi trabalhar. Foi à praia, ver o mar. Esqueceu-se daquela dieta maluca, convidou seu amor para um almoço no restaurante favorito e comeu a sobremesa que mais gostava. Ligou para D. Clara apenas para dizer o quanto amava aquela mãe tão surtada. Foi ao shopping, comprou um livro para sua irmã, um agrado para sua sobrinha...Voltou para o seu apartamento, brincou com o gato dele (que ela detestava) e foi dormir, para sempre. Foi assim. Disseram que ela já sabia do aneurisma, que se despediu da vida, que...blábláblá. Não importa isso agora, nem mais. Há tanto a dizer, e também nada. "Minha amiga do peito, do queixo, da hora, de todas as horas", ela postou no meu orkut. Eu sei que essa porra dessa dor vai virar saudade, mas, me deixa, Célia, me deixa chorar mais um pouco.

sábado, 24 de julho de 2010

Reencontro


Não sei se isso é característico das famílias portuguesas, mas na minha todas as mulheres e quase todos os homens têm nomes próprios compostos. Da minha geração, apenas os do irmão mais velho e da irmã caçula são inseparáveis: 'Toniocarlos' e 'Anacarla'. Os demais, quando se ouvia alguém os chamando pelos dois nomes, geralmente o tom estava a anunciar um iminente esporro. "Cristiane Maria, isso lá é hora de acordar????", "Carlos Eduardo, já para o banho!!!", "Raquel Cristina, deixa de ser malcriada!!!!"

Raquel Cristina. Esta foi a filha, neta, afilhada, sobrinha, prima, sonho de consumo de toda a família. Aprendera a ler aos 04 anos de idade, quando sua coordenação motora a habilitava apenas para bolinhas coloridas. Inteligente, quase uma cdf (cdf igual a nerd), não dava trabalho e vivia para os estudos. Lia muito, tudo o que estivesse ao seu alcance, apesar desse tudo ter sido bastante limitado pelas circunstâncias.

Questionava o que não entendia, e o que entendia também, e tinha sempre uma resposta, por vezes não muito carinhosa, na ponta da língua. Argumentos não lhe faltavam e até o Sr. Santo Padre era interrogado. Era a 'geniosa', a de personalidade forte, a marrenta. Quando contrariada, ficava emburrada, fazia bicos, pisava forte, batia as portas. Mas nada além disso. E os olhos - olhos de gata 'braba' - sempre brilhantes.

A Raquel Cristina sempre foi intensa; às vezes dramática, mas sempre intensa. Como naquela tarde em que meu padrinho, a quem eu amava como pai, retornou de uma viagem que fizera sem de mim se despedir. Estava brincando com algumas crianças quando inexplicavelmente senti uma enorme alegria invadindo aquele coraçãozinho de menina, que não conseguia entender o porquê das lágrimas. Virei-me para o portão e lá estava ele, com aquele sorriso lindo estendendo os seus braços para mim. Eu não sabia que ele estava para voltar e nem se ele voltaria algum dia para o Brasil. Ninguém sabia. A emoção foi tão grande que por segundos me paralisou. Queria correr, mas não conseguia. Quando senti que as pernas tinham me obedecido, já estava agarrada em seu pescoço, e chorava compulsivamente. Parecia que o mundo havia parado. E parou mesmo.

Tinha horror aos afazeres domésticos (fala sério, vida doméstica, como Martha diz, é para os gatos...), por isso, para fugir dos mesmos, Raquel fingia estar estudando para poder ler sossegada os seus gibis, escondidos dentro dos livros escolares. Mas as irmãs sabiam e por vezes a entregavam à mãe, que, na sua sabedoria a aplacar os ânimos exaltados, soltava um "Raquel Cristinaaaaaaa!!!!", para em seguida esboçar ainda que sorrateiramente um sorriso de orgulho.

O tempo passa. As mudanças são inevitáveis. Num mesmo ano, vestibular, namorado, Raquel Cristina universitária e professora de inglês. Uma menina que usava saltos altos, enchimento nos seios e maquiagem para fingir ser mulher e impressionar. Quem??? Não o primeiro namorado, mas aquele que a fez sonhar durante lindos sete anos, seu primeiro grande amor. Era um homem incrivelmente irresistível, e terrivelmente manipulador. Mas foram anos muito felizes, durante os quais mantivera-se contestadora, inovando, criando, crescendo como ser humano. Tornou-se uma profissional competente e querida. E os olhos ... brilhantes, como sempre.

O tempo passa. As mudanças são inevitáveis. Aquele primeiro grande amor virou amizade e...se foi. Veio um segundo grande amor, que também durou seus quase sete anos, que também virou amizade e...se foi. Não, nada foi simples assim. Houve muita dor, as tão faladas dores do crescimento. Afinal, somos de fato livres quando desejamos, mas por inúmeras vezes, cegos, nos tornamos escravos desses mesmos desejos, obcecados pela idéia de que, se não os realizamos, somos verdadeiros fracassos.

Ora, tuda muda o tempo todo no mundo, não é assim que se canta??? Os desejos podem mudar, se transformar. É claro que toda e qualquer mudança gera necessariamente uma perda, como me ensinou meu caro amigo do Do lido ao vivido. Deixei de ser uma brilhante professora de inglês, ganhando um salário de miséria, para me tornar uma profissional medíocre na área jurídica, por um salário melhor. Precisamos fazer opções, mas não queremos abrir mão de nada. Ninguém quer perder, ninguém gosta.

Já no terceiro grande amor e já marcada pelas frustações nossas de cada dia, Raquel precisava fazer alguma coisa 'de bom' e passou a desejar muito formar sua própria família, o que conseguiu tornando-se a Sra. Jacoub. Raquel Jacoub, a esposa 'linda', porém não tão dedicada; a nora, não a desejada; a cunhada não muito paciente;e a mãe, ah, esta sim, totalmente realizada, pois que tinha dois verdadeiros anjos a lhe sustentar. Pelos olhos de outrem, tinha conquistado a vida desejada por todos. Mas era essa a vida que a Raquel Cristina queria? Aqueles desejos eram os seus próprios? Não perguntava, porque não queria ouvir as respostas. A Raquel ganhou o Jacoub...mas perdeu a Cristina (combinação feia esta, dizia). E perdeu muito. Seus olhos não brilhavam mais. Viver não é fácil.


E as mudanças? São inevitáveis, por isso o tempo passa. Há até quem diga que é possível adiá-las. Tolice. Elas só acontecem quando têm que acontecer. E a Raquel, em meio a rompimentos, sofrimentos, caos, não conseguia se encontrar mais. Precisava ser resgatada. Sim, um novo amor. "Ele" a encontrou e segurou nas suas mãos. Eterno complexo de cinderela.

"Dessa vez vai ser diferente, nunca mais vou deixar de ser eu mesma", pensou. Mas quem a Raquel era agora? Não sabia que já não a conhecia mais. Passou a contestar indiscriminadamente o que via e o que não via; o que sentia e o que não sentia. Pobre príncipe, foi transformado em sapo. Corria atrás de um tempo que achava perdido, ainda estava cega e pesada demais. Então, mesmo intensamente vivido, esse amor não conseguiu sobreviver. Foi então que a Raquel descobriu que tempo é uma mera definição; que é gerado por elas, as inevitáveis mudanças, e que somos nós o sujeito ativo e passivo de nossos resgates.

Há pouco mais de uma semana, voltava de um shopping dirigindo meu carro quando ouvi uma voz nítida e clara me chamando: "Raquel Cristina". Sabe aquela emoção que descrevi há pouco, quando reencontrei meu padrinho ainda menina??? Pois é, ela mesma. Não, não me abracei e rodopiei. Apenas sorri, e chorei, feliz. Olhei-me no espelho do carro. Vi meus olhados molhados, verdes e brilhantes. Ela estava aqui o tempo todo, a Raquel Cristina. Não é lindo o meu nome??!!!

Também assim sou eu...

Ainda não tenho 'gordura' suficiente para ousar escrever sobre qualquer coisa sem estar influenciada, se é que isso é possível, por algum pensamento alheio, algum autor, ou algum texto com o qual me identifico, por isso as citações ainda me são tão necessárias. Mas Gabriel Garcia Marquez foi perfeito ao me definir (kkkkkk) no texto que ora transcrevo:

"Não sinto nada mais ou menos, ou eu gosto ou não gosto. Não sei sentir em doses homeopáticas. Preciso e gosto de intensidade, mesmo que ela seja ilusória e se não for assim, prefiro que não seja.
Não me apetece viver histórias medíocres, paixões não correspondidas e pessoas água com açúcar. Não sei brincar e ser café com leite. Só quero na minha vida gente que transpire adrenalina de alguma forma, que tenha coragem suficiente pra me dizer o que sente antes, durante e depois ou que invente boas estórias caso não possa vivê-las. Porque eu acho sempre muitas coisas - porque tenho uma mente fértil e delirante - e porque posso achar errado - e ter que me desculpar - e detesto pedir desculpas embora o faça sem dificuldade se me provarem que eu estraguei tudo achando o que não devia.
Quero grandes histórias e estórias; quero o amor e o ódio; quero o mais, o demais ou o nada. Não me importa o que é de verdade ou o que é mentira, mas tem que me convencer, extrair o máximo do meu prazer e me fazer crer que é para sempre quando eu digo convicto que "nada é para sempre".

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Um caso de amor

Bonita, inteligente, educada, articulada... e sozinha, por que? Alguém me fez esta pergunta e, como não sabia o que responder, disse, diga você. O você entendeu que eu entendia não ter defeitos. Surtei. Logo eu, que carrego tantas culpas por me encontrar tão cheia deles????
A pergunta deixou uma coceira. Não, definitivamente não estou sozinha por opção. Não procuro os príncipes, já beijei alguns sapos, e adoro os lobos maus. Mas, estar sozinha quer dizer abandonada???? E, pior, por conta dos meus defeitos???
Não escondo as minhas carências, só que não estou a procura de quem as cure. Não que eu as deseje, é que são apenas minhas. Se der para compeendê-las, já vai estar de bom tamanho. E como digo sempre, o meu terapeuta é o meu travesseiro.
Não gostaria de não ter com quem compartilhar momentos de alegria, de tristeza, de ser boba, enfim, alguém com quem andar de mãos dadas. Ah, a tal felicidade plena, pleonasmo presente em tantos poemas. Mas não posso cuidar das minhas carências lendo um bom livro? Ou ouvindo uma música que me faça dançar, ou que me faça chorar, de alegria pelas lembranças felizes ou de tristeza por alguma mágoa que precisa apenas de uma oportunidade para se dissipar em lágrimas? Ou simplesmente vendo meus filhos ou os filhos de outros brincando e sendo felizes? Isso funciona sim, para quem ama amar a vida, aquela que te oferece tantas opções enquanto o ser par perfeito, porque imperfeito, não chega.
" (...)uma metade minha é feita de amor...e a outra metade também". Sou mesmo feita inteiramente de amor. Clichê??? Dê o nome que quiser porque vou continuar doando amor, aos meus filhos, aos meus amigos, ao meu trabalho, e também aos meus momentos preciosos de nada fazer. Não sou daqueles seres que vivem suspirando e cantando na chuva que o mundo é lindo e que todas as pessoas são amigas e belas. Conheço bem a hipocrisia, a falta de respeito, a desonestidade, as mentiras, brancas ou não - sempre mentiras, enfim, todas essas psico-patias do nosso ser, que não muito raro só conseguimos ver nos outros.
E os medos? Tenho muitos. Mas procuro enfrentá-los, até porque não vejo outra saída. Essa história de que meu poço tem mola nunca funciona comigo, e nem sei se acredito nisso. Quando percebo que é no fundo que estou, às vezes me acovardo, me encolho e fico ali quietinha, inerte, esperando que um anjo caia do céu e me estenda a mão ou que pelo menos jogue uma corda. Mas tem sempre um filho da puta que ri e te diz lá de cima: você não vai conseguir. Ah, esse é o melhor estímulo. Deixo de escorregar nas paredes lisas, e com minhas próprias mãos as arranho, e me arranhando, pelas arranhaduras vou subindo.E assim vão se formando as cicatrizes nossas de cada dia.
Too much love will kill you. Uma música linda gravada pelo Fred Mercury. Se pudesse escolher, não me importaria de assim morrer, pois saberia que eu e a vida tivemos um intenso caso de amor.
(Poesia barata? Também acho. Não me importo, também não a estou vendendo...)

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Boas maneiras

Estréia do filme Shrek. Dois filhos ansiosos e um ex, o pai, pra lá de impaciente. Correndo de um shopping a outro, consegui, enfim, comprar os ingressos. Mas os lugares não eram marcados (está quase impossível sobreviver com dois filhos sem esta conveniência tecnológica!!!). Bom, disposta a aguardar por 01 hora para ser a primeira da fila, liberei os pequenos para um pequeno lanche prévio, sentei-me no chão, e fiquei observando as pessoas ao meu redor.
Adoro ir ao cinema, mesmo nestas circunstâncias. A confusão me diverte. A alegria das crianças me contagia,e a da maioria dos pais também. E eram mais de seis salas, quase todas exibindo filas consideráveis.
Chegaram, então, uma mulher com seus dois ou três filhos, quase adolescentes, e ficaram parados atrás de mim. Nenhum espanto aquilo teria me causado se eles quisessem de fato assistir ao Shrek. Não. Ficar na fila da sala 04, a minha, foi só um 'jeitinho' que a tal mãe deu para entrar na frente de outras cento e tantas pessoas que aguardavam na da sala 05, a que ela queria. Mas o que mais me espantou foi o modo com que a mesma ensinava à sua cria como ser mal educado, desonesto, como não ter respeito pelas pessoas, as que chegaram antes. E com que expressão de orgulho a mãe cumpria sua tarefa de educadora!!!! Bom, num segundo de pausa dessa cena desprezível, nossos olhares se cruzaram, e certamente a minha repugnância deveria estar estampada na testa, pois a tal genitora, com seu sorriso amarelo por não ter encontrado um respaldo qualquer, desviou os seus olhos de mim e se afastou, levando junto seus filhos. Que Deus os proteja, e a todos nós também, impedindo-os de seguirem os passos da mãe, ou de escolherem uma 'carreira' política nesse nosso país, pois correrão o risco de "se dar" muito bem.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Mudança

Vou transcrever o que comentei sobre um post muito legal do "Do lido ao vivido", como todas as de lá são, sobre mudanças e tempo. Aqui vai...
" Quando você disse que todos mudamos em maior ou menor grau, me remeteu à uma idéia com a qual concordo plenamente, a de que a vida gira em torno da mudança ...como naquela canção,'tudo muda o tempo todo no mundo". Todos precisamos mudar - você afirma - e não há como discordar disso. Mas, na maioria das vezes essa mudança acontece independentemente da nossa vontade; não 'precisamos', simplesmente mudamos. Exatamente como você escreveu em seguida. Quando essa percepção de que 'precisamos mudar" nasce em nossas mentes, consciente das nossas dores ou livre de apegos a passados felizes disfarçados de perfeitos, a mudança já se operou, já aconteceu. O tempo que cada um leva nesse processo é o que nos difere e dá o tom dessa coisa chamada amadurecimento (palavra feia!!!! Adoro ser imatura!!!). Há os que estão sempre em busca de mudanças, seduzidos pelos diversos tipos de emoções que as acompanham, os condutores. E há os conduzidos, que as temem, preferindo viver em manadas, escondendo-se do tempo. Tolice. Esquecem-se de que tempo é apenas uma definição. É essa danada da mudança que gera o tempo, que as pessoas teimam em quantificar através de dias, meses, anos. O meu, não o conto a partir de uma data registrada numa certidão cartorária qualquer, ou arrancando as folhinhas de um calendário. Conto-o a partir das minhas mudanças, ou melhor, da percepção que tenho das mesmas. Por isso ora sou condutora, ora sou conduzida, e por isso mesmo, quando alguém me pergunta quem eu sou, digo: hoje sou assim...amanhã, saberei então. Vou fazendo as minhas opções e deixando que os outros façam as suas (tudo bem, às vezes não resisto e tento "dar" alguns palpites, alguns conselhos, rs), sem me preocupar, também como você, com os que não estão nem aí para elas, me importando, sim, com aqueles que de mim são próximos ou de mim se aproximam, seja lá qual for o motivo. São eles e eu quem têm a ver com isso, não acha?"

sábado, 3 de julho de 2010

To my Dad


The image of your face
has been fading my mind
like the shadow
when the morning comes
But the seeds of your love
have grown and blossomed into
flowers of hope and happiness
and the only regret
for having never told you
how much I love you.

Escrevi estas palavras, talvez não exatamente estas pelo tanto tempo que já se passou, em um momento de perda e dor profundas quando meu pai se foi. Uma morte estúpida, como todas soi são, mesmo sabendo-nas obrigatórias. Queria deixá-las registradas aqui, para não correr o risco de perdê-las de mim nesse emaranhado tolo e ingrato chamado memória.

Pássaros

Estou lendo Ostra feliz não faz pérola, de Rubens Alves, um livro, como ele mesmo define, "...sem princípio, sem meio e sem fim". Idéias que foram aparecendo em seus momentos velozes e anotadas num bloco de notas...seus pássaros, que sem releitura, correções, arrependimentos, voaram livres até a ostra feliz. Um deles chamou-me a atenção: lunetas e estrelas. As lunetas, ah, as lunetas de que ainda tanto preciso para ver as estrelas. Mas se também não fico de pé sozinha, dá-me as muletas, citações de todos os dias que um dia servirão apenas para acrescentar, iluminar, reverenciar. Não quero me apropriar dos pássaros alheios, como se isso fosse possível, livres que são. Apenas agarro-me humildemente em suas asas. Sei que elas, as palavras, serão minhas amigas também e juntas brincaremos para sempre.Tenho me esforçado. Mas enquanto isso não acontece, fico aqui a colher as folhas que caem, dos mais diversos outonos, meu adubo, até que de mim brotem tantos galhos quantos necessitem os meus próprios pássaros.

Donna mi priega 88

Se amor é troca
ou entrega louca
discutem os sábios
entre os pequenos
e os grandes lábios

no primeiro caso
onde começa o acaso
E onde acaba o propósito?
se tudo o que fazemos
é menos que o amor
mas ainda não é ódio?

a tese segunda
evapora em pergunta
que entrega é tão pouca
que toda espera é pouca?
qual dos cinco mil sentidos
está livre de mal-entendidos?

Paulo Leminski