Estrelas

sábado, 29 de janeiro de 2011

"A thing of beauty is a joy for ever"

Uma alegria para sempre

"As coisas que não conseguem ser

olvidadas continuam acontecendo.
Sentimo-las como da primeira vez,
sentimo-las fora do tempo,
nesse mundo do sempre onde as
datas não datam. Só no mundo do nunca
existem lápides... Que importa se –
depois de tudo – tenha "ela" partido,
casado, mudado, sumido, esquecido,
enganado, ou que quer que te haja
feito, em suma? Tiveste uma parte da
sua vida que foi só tua e, esta, ela
jamais a poderá passar de ti para ninguém.
Há bens inalienáveis, há certos momentos que,
ao contrário do que pensas,
fazem parte da tua vida presente
e não do teu passado. E abrem-se no teu
sorriso mesmo quando, deslembrado deles,
estiveres sorrindo a outras coisas.
Ah, nem queiras saber o quanto
deves à ingrata criatura...
A thing of beauty is a joy for ever
disse, há cento e muitos anos, um poeta
inglês que não conseguiu morrer."

Mario Quintana

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Brilho de uma paixão


" SÃO PAULO (Reuters) - Em alguns dos melhores filmes da neozelandesa Jane Campion, a arte é mais do que uma forma de expressão, é a forma como personagens transpõem barreiras físicas ou emocionais.

No mais recente filme da diretora, "Brilho de uma Paixão", está o poeta inglês do século 19 John Keats (Ben Whishaw, de "O Perfume"), o último dos românticos, que morreu jovem, aos 25 anos e teve um único amor na vida, Fanny Brawne (Abbie Cornish, de "Um Bom Ano").

Um amor tão poético quanto etéreo e platônico. Seria muito fácil transformar a história do casal num amontoado de clichês, com um poeta romântico morrendo no final sem que a paixão realmente se consumasse."


Não posso acrescentar muito mais do que os críticos que elogiaram o filme, ou não, fizeram, até porque passei boa parte da sessão tentando me livrar de tentáculos pegajosos de um polvo nojento que deixei cair na minha rede...Com certeza perdi muito dos diálogos - poesia pura, e da fotografia perfeita, das cenas belíssimas de uma Inglaterra que eu não imaginava pudesse ter existido. Atores ótimos, cineasta premiada... (ihhhh, olha eu tirando onda !!! Favor desconsiderar qualquer comentário meu, porque não entendo porra nenhuma de filmes. Porque passei boa parte da minha vida assistindo a blockbusters , de preferência cartoons. E foda-se quem achar que isso é algum defeito. E se for... foda-se de novo ).

Só quero falar de uma cena, uma única cena, a que me angustia toda vez que invade os meus seis sentidos. Fanny recebe a notícia de que seu Keats está morto. É comovente, como o seria qualquer perda nesse sentido. Mas não, não foi uma cena clichê. E , ao invés de me transbordar em lágrimas , fiquei ali, imóvel, paralisada. Queria chorar, não conseguia. Queria falar, não tinha o que. Também eu não conseguia respirar. O ar lhe (nos) faltou aos pulmões, muita dor...

Interpretação brilhante. Difícil descrever. Até hoje, quando me vem qualquer referência ao filme, onde quer que eu esteja, feliz ou nem tanto, fico quietinha, sentindo uma angustia, um vazio imenso que preenche o meu peito e quase me sufoca. Um misto de inveja, medo, auto piedade. Não inveja do sofrimento, mas do sentimento que o gerou. 'Aquilo' fez todos os meus 'graaaandes' amores parecerem tão pequenos, tão distantes... Sinto medo. Medo de que exista mesmo o tal, o único. Medo de passar pela vida sem conhecê-lo. Sem merecê-lo.