Estrelas

domingo, 28 de novembro de 2010

Think of Me

Sábado à tarde na casa do pai dos filhotes. Minha ex CU-nhada assistindo a Raul Gil. "Pegue o seu banquinho e saia de fininho...", lembrou??? Não??? Que bom. Não perdeu nada, ou quase nada..., E eu já ía sair de fininho da sala, quando ouvi alguém cantando Nessun Dorma, de Puccini. Amanda Neves, o nome da adolescente. Não sei se ela é tecnicamente perfeita, mas se não for, falta pouco. Vai a loira para o You tube procurar videos dela e descubro algumas pérolas como Con te partiro, An unexpected love, Believe in you, Think of me*... Think of me??? The Phantom of the Opera ???? Lembranças... D. Judith, esse é teu.

- Mas o senhor não pode me negar essa informação.
- Quantos anos tem sua mãe?
- 61.
- Ela está lúcida?
- Sim, graças a Deus.
- Então por que você não perguntou a ela?
- Mas ela não quer tocar no assunto. Diz que está tudo bem. Eu sei, Dr., eu sei que ela está me escondendo alguma coisa. Ela nunca foi triste, parece que está se despedindo (...)
- Se ela não quer falar, é um direito que lhe assiste.
- Por favor, o Sr. precisa me dizer. Eu preciso cuidar dela.
- Eu não vou falar nada, a não ser na presença dela e com a autorização dela.
- Será que o Sr. não entende que ela vai se entregar??? Que ela está querendo nos proteger, que ela não sabe se cuidar. O Sr. não pode nem me dizer se ela foi encaminhada para a Oncologia?
- Não insista. Vá para casa. Eu tenho mais o que fazer...
- O Sr. faz assim porque não é a sua mãe, seu filho da...

E antes que eu pudesse completar o desabafo, alguém me puxou pelo braço e me lembrou ao pé do ouvido que desacato a militar é crime. Saí de lá sem chão, sem mundo. Descobrira que minha heroína era mortal. Isso aconteceu em 2005. O diagnóstico temido era câncer de mama. E eu não conseguia acreditar, que dirá aceitar. Não, eu não podia perder a mulher mais generosa, mais corajosa, mais feliz do mundo. O fantasma dormia comigo, acordava comigo, comia e bebia comigo. Momentos difíceis.

Num raro gesto de gentileza, meu ex me levou a São Paulo para espairecer um pouco. Teatro Abril. O Fantasma da Ópera. Produção impecável. Chorei do primeiro ao último ato. Contida. Silente. Eu e o meu fantasma. Mas quando 'Christine" começou a cantar Think of you, quando ela chegou em '...there will never be a day when I won't think of you...", desabei. Quis sair correndo... não sentia as pernas. Quis gritar ... não tinha voz. Procurei ao meu lado uma mão para segurar as minhas, um ombro para fazer de colo ... mas só encontrei um olhar recriminador. Engoli o choro.

Salve Juju, aquele fantasma se foi. Mommy está comigo, feliz como sempre. Só que a Raquel voltou um pouquinho diferente daquele teatro. Nunca fui de declarações efusiásticas de amor. Meu amor é intensamente sentido, mas nem sempre era demonstrado, e nunca falado. Aprendi que tanto quanto gestos, as palavras também são necessárias. Toda vez que estamos juntas, eu a beijo, abraço, agradeço, brigo, aperto, e digo, Te amo, mãe. Ela retribui com aquele sorriso largo no rosto e os olhos brilhantes de criança arteira, e pergunta,"E você, já disse isso aos seus filhos hoje?"


Esta é a versão do filme, tão linda quanto.


* errata: o nome da música é Think of me, e não Think of you, como estava anteriormente


4 comentários:

  1. Quel, eu sei que os gestos são mais importantes, que as palavras podem ser rasas maaaaaaaas o que posso fazer se minha audição gosta de ser comunicada dos acontecimentos?

    Eu falo e aprecio escutar, só sei ser assim.

    =)

    Beijocas, lindeza!

    ℓυηα

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  2. Luna Linda, na verdade eu não acho que os gestos são mais importantes; disse até que, tanto quanto eles, os gestos, as palavras são necessárias para demonstrarmos afetos,sentimentos,amores...principalmente as faladas

    Bjnhos,

    Quel

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  3. Joey??!!!!Here????

    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    Kisses, my Xoo.

    Yours,

    Roletinha...

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