Estrelas

quinta-feira, 3 de março de 2011

"...for they could not love you, but still your love was true..."

Convidada para trabalhar como assistente de professor de inglês, recebi a tarefa de preparar um tema para uma das aulas de conversação. Aprovada na escolha, ganharia minha primeira turma. Para uma ainda menina de 16 anos, aquilo se apresentava como o maior desafio da minha vida. Peguei minhas edições do Washington Post e Brazil Herald para pescar um tema, ou algum texto já pronto, mas nada.

No dia ou dias seguintes, estava em minha sala terminando de corrigir alguns exercícios de alunos em recuperação quando ouvi 'Starry, Starry night'. Apaixonei-me no primeiro listening. Fui correndo até a sala de onde a música vinha e lá estava ele, com aquele sorriso lindo, naquela boca mais linda ainda, a me esperar: "Trouxe pra você ouvir. Sei que você vai gostar. " E contou-me um pouco sobre a vida de Van Gogh, de que ele teria tirado um pedaço da própria orelha e entregue a certo alguém como prova de não sei bem o que, e de que teria pintado a tela Starry Night enquanto internado num asilo ou hospital psiquiátrico. Já a canção foi 'pintada' por Don McLean, que teria se apaixonado por essa tela e que retratou um Vincent que me causou uma compaixão sem tamanho.

Muito provavelmente essa compaixão se deu pelo fato de que eu também havia convivido com alguém próximo, querida, amada, que não conseguia se fazer compreendida. [ but I really could understand what she tried to say...Sempre soube. ] Às vezes ela desistia dela mesma e eu temia muito que isso fosse para sempre, que ela não voltasse mais daquela viagem à escuridão da sua alma, como Vincent fez. Houve um período longo em que vivi, enquanto a visitava, a realidade de hospitais psiquiátricos, numa época em que os tratamentos se limitavam a choques elétricos, quartos de isolamento e drogas capazes de aniquilar qualquer fera. Era uma realidade dura para uma menininha com pouco mais de 08 anos, mas essa menininha sabia que tudo o que eles tinham que fazer era falar com ela, a sua pessoa querida, na língua do amor. Mas eles não sabiam, nem falar, nem ouvir (and they would not listen, they did not know how). É só medicina o que se aprende na faculdade...

Bom, levei o tema para a aula, um ou dois livros com telas de Van Gogh e toquei a música. Foi um sucesso. Durante muito tempo da minha vida, essa música me acompanhou como um 'livro de cabeceira'. Não entendo muito (ou nada) de arte, seja ela qual for, mas quando ouço Starry, Starry Night, fecho os olhos e é como se Vincent estivesse na minha frente pintando seus morning fields, suas flaming flowers and swirling clouds... e sinto tanta vontade de abraçá-lo, de salvá-lo ( como se eu tivesse o direito de fazer as opções dele...) McLean talvez estivesse certo quando disse que '...this world was never meant for one as beautiful as you."

[Queria muito agradecer à Fal, do Drops da Fal, por ter postado um video com essa música e ter me feito (re) viver momentos tão especiais ...]



'They would not listen, they're not listening still,perhaps they never will...'


2 comentários:

  1. Vamos ao Museu de Van Gogh???? Starry, Starry night é sempre tocada durante as visitas...

    Minha Loira de alma linda...

    Saudades de vc, marrenta!!

    Beijus

    ResponderExcluir
  2. Museu de Van Gogh???? Posso não!!! Seria presa tentando levar uma comigo...
    rs

    Marrenta é a ... sua LL!!! kkk

    Bjos, Gus.

    ResponderExcluir